domingo, 20 de janeiro de 2019

Duratex: céu ou inferno?


A Duratex (DTEX3) é uma empresa produtora de painéis de madeira e acessórios para banheiro e cozinha. É a maior em seu segmento no Brasil. Ela existe desde 1962 e é controlada pela Itausa. Estando intimamente liga ao setor de construção, pode ser considerada uma empresa cíclica e foi duramente afetada pela recente crise econômica. Com a possiblidade de recuperação do setor de construção a partir de 2019, a Duratex poderia ser uma boa opção para quem não quer investir em ações de construtoras. Só que....

O gráfico de longo prazo (abaixo) mostra que a ação não ultrapassa a resistência dos R$ 11,00 desde 2007. Ao longo de 11 anos essa resistência foi testada diversas vezes, sem ser superada.  Mas, finalmente, no final de 2018, essa barreira foi superada e hoje a ação já está em R$ 13,05. Portanto o gráfico de longo prazo mostra que é o momento certo para se comprar DTEX3 e aproveitar a recuperação do setor de construção. Mas existe um pequeno problema que não aparece no gráfico.

A Duratex apesar de ser uma empresa sólida, de grande tradição, nunca se notabilizou por dar um bom retorno ao acionista. Seus indicadores sempre foram fracos. O ROE é baixo, girando nos últimos anos na casa dos 4% e o DY estava em 1,4% no início de 2018. O preço/lucro geralmente se mantinha acima de 20 nos últimos anos e o lucro nunca foi expressivo. Pelos indicadores, não é uma empresa atraente.

Mais eis que em meados de 2018 a empresa vendeu algumas terras e florestas  para a Suzano Papel e Celulose, gerando um não recorrente de R$ 360 milhões,  dobrando o lucro da empresa. Com esse não recorrente a empresa pode elevar os proventos de R$ 0,0971 (JCP e dividendos em 2017), para R$ 0,73 por ação (DY de 5,6%). Mas, basta subtrair o não recorrente para se perceber que a empresa continua com indicadores fracos.

Usando o Fluxo de Caixa Descontado, o preço justo atual de DTEX3 não passa dos R$ 10,00, confirmando a fraqueza dos indicadores. Isso, mesmo considerando um crescimento acelerado nos próximos anos. Tal fato nos leva a seguinte situação: acreditar nos gráficos que mostram que a ação finalmente poderá deslanchar, saindo de um marasmo que durou uma década? Ou se render a fraqueza de seus números e considerar que essa empresa não é a melhor opção para quem quer investir pensando no longo prazo?





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