A redução nesta semana da SELIC em 25 pontos era algo já aguardado. A surpresa veio com a nota, afirmando que há espaço para novaS reduçõeS. Isso implica que em duas novas quedas, uma em setembro, quando a SELIC passará para 1,75% e outra até o final do ano, com a SELIC fechando em 1,5%. Consequentemente, 2021 começarão com o DI valendo 1,4% ao ano.
O mercado não recebeu bem o comunicado e passou a considerar
que o governo está preocupado apenas com o aspecto fiscal (dívida pública),
desprezando o monetário (inflação). O resultado é que a parte curta da curva de
juros (curtíssimo prazo) caiu, para se ajustar as novas previsões da SELIC, e a
parte longa disparou para cima (adicionando risco). O resultado foi uma
elevação drástica na inclinação da curva de juros.
As taxas de financiamento dos bancos, que são baseados nas
taxas de LP, devem continuar elevadas, dificultando ainda mais a vida das
empresas. Essa situação tende a provocar uma nova onda de quebra de empresas,
reduzindo a oferta e permitindo o aumento de preços no varejo. Essa quebra
generalizada também implicaria numa redução da arrecadação pelo governo. Por
isso a urgência em criar um CPMF digital, visto que Amazon, Spotify, Apple,
estão imunes as agruras das empresas brasileiras.
A alta dos DIs se refletiu nos cupons, mas não com a mesma
intensidade. Em parte porque o mercado está buscando proteção nos ativos
indexados pela inflação. Todavia, se a estratégia do governo, focada no fiscal,
fracassar (não aprovação da CPMF ou da reforma tributária), a tendência é dos
cupons dispararem (DI reflete inflação, cupom reflete risco fiscal).
Vale lembrar que ações, FIIs e até títulos públicos, viraram repositório da liquidez promovida pelo BC e estão inflacionados. Se algo der errado, essa inflação contida é transmitida para o resto da economia, podendo criar uma situação que obrigaria o BC a elevar rapidamente os juros para enxugar a liquidez. Isso poderia ser desastroso para nossa economia.
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