segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Grafistas x Fundamentalistas

Em termos de análise, o Brasil é um país que caiu no ridiculo. Já é conhecido as piadas sobre a preferência pelos pivots ou o dogmatismo dos fundamentalistas (que agem como tal).

O artigo abaixo é de Jayme G. http://ghitnick.com/analise.html

Como acontece em outros segmentos da atividade humana, muitos falsos debates são criados em relação ao mercado, quase sempre para atrair a atenção da opinião pública para quem não consegue sobressair de outras maneiras...Nesta semana, cópias mal feitas de velhas histórias a esse respeito voltaram a circular.

Quem se envolve com o mercado deveria saber, desde logo, que é essencial reunir sempre a maior quantidade de informação útil possível.

A análise técnica (AT) que tenta predizer o futuro a partir do passado, é muito ampla e engloba sérios e rigorosos estudos científicos e empíricos. A análise fundamentalista (AF) é mais restrita, estuda a economia, as empresas, os mercados, também com não menos (nem mais...) sérios e rigorosos estudos. A rigor, deveriam ser partes integrantes de uma única análise, a análise de mercado.

Apesar de mais ampla, a AT é tida mais como uma arte e divulgada de forma vulgarizada, de forma assemelhada a práticas como a quiromancia, a astrologia etc. Isso facilitou a sua popularização especialmente entre os novatos no mercado e entre os mais preguiçosos e desinformados, que preferem algo da família do horóscopo a uma trabalhosa projeção baseada em desconto de futuro fluxo de caixa, depois de pesquisa em longas demonstrações financeiras de uma empresa...

Há muitos interessados em manter a imagem da Bolsa como um cassino, onde existem "tubas" aos quais tudo pode ser atribuído e onde se deve apenas operar em curtíssimo prazo; vigaristas de toda a espécie usam dessa imagem para lucrar com a cobiça que conseguem despertar em parte do público, com o sonho do "caminho das pedras" para a fortuna instantânea...

Para isso, usam geralmente de versões grosseiras e primárias da AT, que ficou assim parcial e injustamente associada a esse falso clima.

Naturalmente, isso despertou reações nos meios acadêmicos e entre os técnicos fundamentalistas: ainda na recente década de 60, surgiram as teorias do mercado eficiente e do caminho aleatório que, ao considerar que as cotações flutuam de forma aleatória em torno do valor intrínseco das empresas, sustentam que comprar e guardar supera qualquer tentativa de vencer o mercado via AT. Hoje em dia, especialmente com o apoio da informática, essa discussão quase que desapareceu nas universidades, substituída pela óbvia tendência ao uso mais global de todas as técnicas disponíveis.

Diariamente podemos ver notícias de projeções erradas de fundamentalistas quanto à evolução dos resultados das empresas, sem falar nos erros também freqüentes nas projeções quanto aos principais indicadores macro-econômicos, como inflação, evolução do PIB, evolução do desemprego etc.etc. ("...previram 9 das 4 últimas recessões"...)

Pior ainda são situações mais graves como as classificações de risco de crédito, desmoralizadas por casos como a crise dos paises asiáticos, as quebras de grandes empresas americanas e mais recentemente no caso das hipotecas "subprime". No nosso caso, os astronômicos preços dos novos lançamentos e os preços-alvo nunca atingidos para papéis também não recomendam muito a perícia dos que fizeram a AF dos mesmos...

As grandes carteiras usam predominantemente a AF, mas não dispensam a AT, buscando otimizar o desempenho de suas carteiras.

Essa é a melhor maneira de operar investimentos em condições de incerteza.

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